Algumas vezes, eu enxergo, no desenho, metáforas que meio que servem para a vida.
Em 2019, eu fiz uma série de desenhos para um desafio artístico que era, então, bem popular nas redes sociais, e a experiência foi muito bacana (até fiz um vídeo sobre isso na época). Vários meses depois, resolvi pegar alguns dos desenhos de que mais gostei e refazer - mantendo a ideia, mas melhorando aspectos do desenho como linha, composição e character design. Alguns ganharam cores também - foi o caso desse abaixo, cujo tema foi swing (“balanço”):
Eu curti muito refazer esse desenho e gostei do novo resultado, mas uma das coisas que mais me chamou atenção foi o quanto o meu processo inicial de esboço foi “sujo”. Eu levei várias semanas até chegar nessa versão final colorida, fazendo um pouquinho a cada dia, e quando terminei, resolvi rever as etapas anteriores do desenho, que estavam salvas em camadas no Photoshop nas versões anteriores do arquivo (por sinal, recomendo fazer isso: ir salvando novas versões do trabalho em novos arquivos em vez de salvar por cima das versões antigas). No final do processo, eu já não lembrava totalmente das primeiras etapas, e me surpreendi quando vi que, no processo de recriar o desenho, meu primeiro esboço tinha sido esse:
Sim, essa bagunça aí mesmo. :) Isso foi meu primeiro “passe” pra reconstruir esse desenho. Mesmo com toda a ideia já pensada, o ato de re-desenhar acabou me levando de volta a esse “caos criativo”.
Depois, fui fazendo iterações, e as coisas foram melhorando pouco a pouco nos passes seguintes:
Mas é revendo esse processo que eu enxergo a metáfora pra vida: toda transformação costuma ser caótica, confusa, principalmente no início, mesmo quando o ponto de partida é algo já familiar. Mas enfrentando e vivenciando aquele processo, a gente vai alcançando maior clareza pouco a pouco e as coisas vão fazendo mais e mais sentido.